O TEMA NODAL no terreno das Hegemonias e Emancipações não é somente a dominação, mas também, como indicava Gramsci, a capacidade de gerar uma concepção universal do mundo a partir de uma visão particular, de dominar através do consenso e de reproduzir as formas de dominação nos espaços dos dominados.
Dominação, hegemonia, legitimidade, sistemas de poder, império, imperialismo, contra-hegemonia, emancipação, são referentes teóricos que é necessário ressignificar para que enfrentemos a realidade da conflituosidade social no milênio que começa tanto com a irrupção do movimento zapatista em Chiapas como com o ataque às torres gêmeas de Nova York ou as invasões do Afeganistão, Iraque, Timor Oriental ou Haiti.
Uma das preocupações centrais do Grupo de Trabalho Hegemonias e Emancipações do Clacso é contribuir para a reapropriação conceitual que, ao mesmo tempo que ressignifica velhas categorias, cria novos modos de entender e interpretar a realidade. Se partimos do reconhecimento deste fim de milênio como o universal concreto no qual se unem, se cruzam e se dissociam processos, ponto crítico condensado de uma realidade caótica e complexa na qual se gestam os novos caminhos de uma história de histórias, na qual os sujeitos em ação introduzem suas próprias pautas e epistemologias, é necessário buscar algumas respostas. Que conteúdo específico concedemos à hegemonia? Qual é a relação entre hegemonia e estratégia? Como lidar com as temporalidades históricas na análise da hegemonia? Quais são os critérios de avaliação do estado da hegemonia? Quais são seus suportes? Qual é a territorialidade da hegemonia e como se constrói? Quais são seus mecanismos privilegiados? É possível falar de projeto hegemônico? Que lugar ocupa o econômico na construção de hegemonia? E o militar? São credores de uma concepção de mundo?
Trabalhar simultaneamente os conceitos de hegemonia e emancipação como abstrações interpretativas e como experiências históricas é um caminho possível para a aproximação a esta realidade.