O propósito deste livro é o estudo dos processos de trabalho da sociedade capitalista, e do modo específico pelo qual eles são constituídos pelas relações de propriedades capitalistas. Não pretende oferecer qualquer estudo paralelo do modo específico pelo qual essa estrutura foi imitada pelas sociedades híbridas do bloco soviético. A razão dessa omissão é simples: esse processo de trabalho foi 'criado' e continua a ser desenvolvido pelo capitalismo e não pelo sovietismo, onde é apenas uma forma reflexa e imitativa.
Inicialmente, este livro foi concebido como pouco mais que um estudo das alternâncias ocupacionais nos Estados Unidos. Seu interesse era a estrutura da classe trabalhadora e a maneira pela qual ela havia mudado. Na análise desse processo, deparou-se o autor com uma contradição. Por um lado, dizia-se que o trabalho moderno, em consequência da revolução científico-tecnológica e da 'automação', exige níveis cada vez mais elevados de instrução e adestramento, maior emprego da inteligência e do esforço mental em geral. Ao mesmo tempo, uma crescente insatisfação em relação às condições do trabalho industrial e administrativo parece contrapor-se a essa opinião. Isso porque também se diz que o trabalho tornou-se cada vez mais subdividido em operações mínimas, incapazes de suscitar o interesse ou empenhar as capacidades de pessoas que possuam níveis normais de instrução; que essas operações mínimas exigem cada vez menos instrução e adestramento; e que a moderna tendência do trabalho, por sua dispensa do emprego do 'cérebro' e pela 'burocratização', está 'alienando' setores cada vez mais amplos da população trabalhadora. É óbvio que esses dois modos de ver não podem ser facilmente conciliados. E não encontrando, em uma vasta bibliografia, qualquer tentativa de conciliá-los, pela cuidadosa exemplificação da maneira pela qual várias ocupações evoluíram, talvez em contraste umas com as outras, o autor ampliou seu interesse inicial de modo a incluir a evolução do processo de trabalho 'dentro' das ocupações, bem como as alternâncias de trabalho 'entre' as ocupações. São assim examinados temas como trabalho e gerência, ciência e mecanização, capital monopolista, o papel do Estado, estrutura da classe trabalhadora e outros igualmente relevantes.
Pela atualidade e importância do assunto — e pela profundidade e originalidade do enfoque — este é um livro de leitura indispensável aos estudiosos empenhados em compreender o processo social em curso.